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Vice de Feliciano visita ‘deputado da motosserra’



Vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, a deputada Antônia Lúcia (PSC-AC) visitou no Acre um personagem que, aos olhos da Justiça, não é um humano direito: o ex-deputado Hildebrando Pascoal, famoso por liderar na década de 90 um grupo de extermínio que passava suas vítimas nas armas e na motosserra.
Preso desde 1999, ano em que teve seu mandato de deputado federal cassado, Hildebrando foi internado no Hospital das Clínicas de Rio Branco há pouco mais de 15 dias. Na semana passada, a deputada Antônia pediu à secretária de Saúdo do Acre, Suely Costa, autorização para visitar o criminoso. Fez isso na condição de titular da Comissão de Direitos Humanos.
A deputada alegou que desejava verificar as condições a que o paciente estava submetido. Atendida, foi à beira do leito de Hilbebrando no último sábado (30). Posou para fotos segurando na mão do criminoso (repare na foto de Willamis França, do site AC 24 Horas). Quanto ao tratamento hospitalar, ele não tinha do que se queixar: “Aqui estou sendo bem tratado”, disse, segundo relato de Ray Melo.
Hilbebrando parecia mais preocupado com a volta para o cárcere. “Devo retornar logo ao presídio. Lá, eu não sei como vai ficar minha saúde.” Somando-se todas as condenações que já sofreu (assassinatos, tráfico e delitos eleitorais), o ex-deputado acumula uma pena de algo como 80 anos de cadeia. A notícia sobre a visita ilustre veio à luz nesta segunda-feira (1), mesmo dia em que Antônia Lúcia ganhou o noticiário nacional por outra razão.
A deputada trombeteou sua intenção de renunciar à vice-presidência da Comissão de Direitos Humanos em protesto contra o deputado-pastor Marco Feliciano (SP), seu companheiro de PSC e de comissão. Antônia abespinhou-se porque o colega dissera num culto religioso de sexta-feira (29) que, antes da chegada dele, o colegiado era dominado por satanás.
Confirmando-se a renúncia, Antônia poderia até virar uma alternativa para o PSC, caso o partido resolvesse arrancar Feliciano da poltrona. Com a incursão hospitalar da deputada, a opção subiu no telhado.
Como diria Hildebrando, vamos por partes: evangélica, Antônia não deveria nada a ninguém se invocasse seus sentimentos cristãos para visitar o serrador de seres humanos. Ao valer-se da condição de dirigente da Comissão de Direitos Humanos para ir à presença de um criminosos que se declara “bem tratado”, a irmã fica devendo pelo menos uma explicação.