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Propina lavada no TSE aproxima PT do escárnio

Em setembro do ano passado, a oito dias do segundo turno da eleição presidencial, Dilma Rousseff anunciou na sua propaganda televisiva que enviaria ao Congresso um lote de cinco projetos anti-corrupção. Passaram-se quase cinco meses. E nada. Na semana passada, a presidente mandou apressar a redação das propostas. Uma delas, que sugere “transformar em crime a prática do caixa dois” de campanha, nascerá morta. Criativo, o PT já fez o caminho inverso: converteu petropropinas em doações legais, registradas na Justiça Eleitoral.
Pelo menos três delatores do petrolão —o doleiro Alberto Youssef, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e o executivo da empresa Toyo Setal Augusto Ribeiro de Mendonça Neto— contaram aos procuradores da Lava Jato que parte da dinheirama roubada da Petrobras foi repassada ao PT como doação oficial.
Outro delator, o ex-gerente da Petrobras Pedro ‘100 Milhões’ Barusco, estimou em até US$ 200 milhões o montante de propinas amealhado pelo PT apenas na diretoria que era comandata por Renato Duque, um preposto de José Dirceu. Abespinhado, o presidente do PT, Rui Falcão, anunciou que a legenda decidira processar judicialmente o “bandido” Barusco. E reiterou: só ingressaram nas arcas do PT verbas limpas, devidamente escrituradas na Justiça Eleitoral.
Em 2005, quando o delator não-premiado Roberto Jefferson jogou mensalão no ventilador, o PT alegara que havia cometido “apenas” o deslize do caixa dois. Que o então tesoureiro Delúbio Soares rebatizou de “verbas não contabilizadas.” O STF não engoliu a lorota. Agora, com o óleo queimado do petrolão pelo nariz, o petismo decidiu fraudar até o brocardo. Não é que o crime não compensa. É que, quando compensa, muda de nome.
Na falta de alternativa melhor, o PT flerta com o escárnio. Converteu Tribunal Superior Eleitroal em lavanderia de dinheiro sujo. A legenda sinaliza à plateia que o cinismo é o mais próximo que conseguirá chegar da honestidade. Rui Falcão diz que a contabilidade do partido é transparente. O Barão de Itararé diria que o petismo habituou-se em viver às claras, aproveitando as gemas e sem desprezar as cascas. A essa altura, Dilma deveria substituir seus cinco projetos anti-corrupção por uma proposta mais singela: trocar o lema da bandeira. No lugar de ‘Ordem e Progresso’, algo como ‘Negócio e negócio’.