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Na Câmara, petistas confrontam Moro e o acusam de ser parcial

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, o juiz federal Sergio Moro foi confrontado nesta quinta-feira (30) por três deputados federais do PT que, em perguntas direcionadas ao responsável pela Lava Jato no Paraná, o acusaram de atuar de forma parcial, partidária e ilegal.
Dois dos três deputados, Paulo Teixeira (SP), e Wadhi Damous (RJ), são bastante próximos a Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente é réu em cinco ações penais, sendo três delas ligadas à Lava Jato, e sua defesa promove constantes embates com Moro durante as audiências judiciais.
As primeiras críticas contra Moro -que participou de audiência para discutir o Código de Processo Penal- partiram de Teixeira, para quem o Congresso quer, com o projeto que pune abuso de autoridade, "evitar que os juízes façam política partidária."
Se dirigindo a Moro, que hora olhava na direção do petista, mas que na maior parte do tempo não o encarava, Teixeira citou dois episódios que são considerados pelos aliados de Lula como flagrantes ilegalidades cometidas pelo juiz.
O primeiro, a divulgação, por ordem de Moro, de interceptação de uma conversa telefônica entre Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff no auge das movimentações a favor da destituição da petista.
No áudio, Dilma foi flagrada dizendo que enviaria para Lula assinar seu termo de posse na Casa Civil. A nomeação ocorreu, segundo procuradores, para que Lula ganhasse foro privilegiado e se livrasse de Moro, que é juiz de primeira instância.
O ministro Teori Zavascki (morto em janeiro em um acidente aéreo), responsável pela Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, considerou posteriormente o grampo ilegal porque ele foi feito horas após a Justiça do Paraná determinar o fim de interceptação. O ministro considerou ainda que houve usurpação de competência do Supremo da parte de Moro pelo fato de a conversa envolver uma pessoa com foro privilegiado (Dilma).
"Vossa Excelência quebrou o sigilo eletrônico da então presidente Dilma em conversa com o ex-presidente Lula. Vossa Excelência não tinha competência para isso. Num contexto de um golpe parlamentar [que é como os petistas classificam o impeachment], Vossa Excelência estava querendo contribuir com a derrubada da presidente Dilma Rousseff?", questionou Teixeira.
Ele também questionou se Moro não teria perdido a imparcialidade, entre outros episódios, também devido à foto em que aparece conversando e sorrindo ao lado do presidente do PSDB, Aécio Neves, em uma solenidade organizada pela revista "IstoÉ".
O segundo caso citado por Teixeira foi a determinação de Moro de que Lula fosse obrigatoriamente levado a depor (a chamada condução coercitiva) em março do ano passado, em decorrência de uma das fases da Lava Jato -a apuração sobre se empreiteiras e o pecuarista José Carlos Bumlai prestaram favores pessoais a Lula e seus familiares por meio do sítio em Atibaia e um tríplex no Guarujá.
Os petistas argumentam que não havia necessidade da condução porque Lula não teria previamente sido convidado a depor e nunca teria se negado a prestar esclarecimento