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Indústria do cigarro comete o maior crime da história do capitalismo internacional", diz Dráuzio Varela

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Ao comentar sobre o vício em cigarros, o médico oncologista Dráuzio Varela afirmou que a indústria do cigarro é a que cometeu e continua cometendo o maior crime da história do capitalismo internacional, se descontado a escravidão. Em entrevista à Rádio Metropole, o profissional da saúde ainda afirmou que a nicotina, presente em cigarros, seja ele branco ou eletrônico, é a droga que provoca uma das mais avassaladoras das dependências químicas. 

“A indústria do cigarro é a que comete e continua cometendo o maior crime da história do capitalismo internacional, descontado a escravidão. A indústria transformou o cigarro em um símbolo de status social. Viciaram nossa juventude. Mascararam que o cigarro é, na verdade, um dispositivo para administrar a nicotina”, disse em entrevista a Mário Kertész.

Apesar das críticas, Dráuzio Varela reconheceu que atualmente a população brasileira é uma das que menos fuma no mundo. Dados do Instituto Nacional do Câncer indicam que cerca de 10% da população brasileiras é tabagista. É uma redução significativa se comparado com as décadas de 1990 e 2000, quando a prevalência chegava a 60%. O profissional atribuiu essa mudança à educação e a promoção de uma imagem negativa do cigarro. 

“Através da educação conseguimos transformar o cigarro no que ele é. É uma dependência de droga, um vício cafona, que deixa mau hálito e cheiro ruim na roupa. Acho que essa foi a grande mensagem transmitida, não foi a do câncer de pulmão. O Brasil é um dos países que menos fuma no mundo. Educação funciona, desde que você passe a mensagem correta”, afirmou.

Uso dos cigarros eletrônicos

Apesar da redução no uso de cigarros convencionais, o Brasil atualmente enfrenta um crescimento no número de jovens que utilizam os cigarros eletrônicos. Dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE) do IBGE, realizada em 2019, revelam que 16,8% dos adolescentes de 13 a 17 anos já experimentaram cigarros eletrônicos. Esses dispositivos são comercializados com flavorizantes que adicionam sabores e eliminam o mau cheiro característico do tabaco, atraindo pessoas cada vez mais jovens. “São criminosos. Querem pegar crianças e viciar em nicotina”, critica Dráuzio.  

Nesta semana, o cigarro eletrônico volta a ser foco no Congresso Nacional, com a possibilidade da regulamentação do seu uso ser votado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado. De autoria da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) e relatada pelo senador Eduardo Gomes (PL-TO), o projeto utiliza como um de seus argumentos a possibilidade haver um maior controle de qualidade no produto caso ele seja regularizado.

A possibilidade de regulamentação foi criticada por Varela em entrevista à Rádio Metropole ao comparar com o controle de outras substâncias ilegais. “Controle de qualidade? Em um dispositivo que provoca o aparecimento de substâncias tóxicas?  É a mesma coisa que querer controlar a cocaína vendida nas ruas. Querem que a Anvisa analise a qualidade para eles aproveitarem a rede de distribuição do cigarro comum”, disse.